Espelho do medo



Todo mundo tinha saído de casa, e eu, “o corajoso”, fui assistir ao filme Espelhos do Medo. Findo o filme, resolvi ir dormir, afinal não tinha nada que preste passando na TV, a noite já se fazia velha, quase dando inicio à madrugada, e tudo na rua estava quieto, nem um latido de cachorro, nem um carro, moto ou nada.

Eu me dirigi ao banheiro para fazer a higiene noturna, enquanto pegava a escova de dentes e a pasta, olhei pro meu reflexo no espelho e falei: ta na hora de cortar o cabelo hein cara? Dei um leve riso e coloquei a pasta na escova, foi nesta hora que eu tive a infeliz ideia de fazer uma careta na frente do espelho, afinal eu estava sozinho, e queria ver se conseguiria fazer uma cara que pudesse assustar a mim mesmo.

Comecei abrindo bem a boca e os olhos e mostrando os dentes, depois fiz uma série de caras e bocas, daí me lembrei de uma cena do filme em que o cara diz que não era ele que olhava para o espelho, e sim o espelho que olhava pra ele. Pensando nessa frase, comecei a encarar o espelho, a fim de ter a sensação de que ele era quem estava olhando pra mim. Maldita hora.

Quanto mais eu encarava sério, mais aquele reflexo parecia vívido na minha frente, eu comecei a me arrepiar, e à medida que eu ia olhando, o reflexo parecia querer sorrir, mesmo eu estando sério, eu começava a ter a impressão que ele iria se mexer sozinho.

É incrível o quanto nossa mente pode nos enganar, ou será que aquilo era um castigo pra eu deixar o desconhecido em paz? Por mais que eu achasse que não havia nada errado, vai tentar convencer minha mente do que meus olhos estão vendo. Eu não aguentei e abaixei o rosto, escovei os dentes sem olhar para o espelho, mas tinha um impulso dentro de mim, a simples curiosidade de saber se aquilo era paranóia ou se havia acontecido algo sobrenatural ali, então eu olhei novamente.

E o sarcástico reflexo no espelho se moveu alguns centésimos de segundo depois de mim, denunciando que não estava em perfeita sincronia comigo. Ainda assim eu achei que era coisa da minha cabeça, e cheguei bem perto, encarei, virei a cabeça de lado, estava tudo normal. Então eu sorri da minha própria estupidez e virei para guardar a escova no armário que fica do lado. O reflexo não se mexeu.

Eu corri para o meu quarto na velocidade da luz, coração batendo a mil, e um pavor indescritível. Que idiotice a minha ficar brincando com essas coisas, dando brechas pra elas entrarem em minha mente. Foi real ou não? A luz do banheiro ainda esta acesa, eu tenho que apagar, mas não tenho coragem nem pra levantar da minha cama e fechar a porta do quarto.

O que aconteceu no banheiro? O que foi aquilo? Foi real ou não? Não foi. Não. Foi somente coisa da minha cabeça. Afinal eu escrevo contos de terror. É mesmo. Por que eu to com medo? Geralmente eu faço as pessoas ficarem com medo, mas eu não. Ta bom, vou levantar e apagar a luz do banheiro, por mais que minhas pernas estejam tremendo e minhas costas se arrepiando, lá vou eu. Já estou na porta do quarto.

Que barulho foi esse? Parecia um suspiro, e veio do banheiro. Ai meu Deus, eu sabia que não era imaginação. ( corro de volta para a cama e me escondo debaixo do cobertor) Se meus amigos me vissem agora iriam tirar sarro de mim. Eu sou homem, e estou com medo de algo que eu nem sei o que é. Ah não. Não vou deixar isso me abalar. Fala sério! Vou me levantar e apagar aquela maldita luz. ( me levanto novamente e vou devagar até a porta do banheiro) eu nem preciso entrar, o interruptor fica na parede do lado da porta.

É isso aí. Consegui, agora vou voltar para meu quarto e dormir. Problema resolvido. Fechando a porta do quarto. Deitando na cama. Apagando a luz.
Agora vamos dormir (falo). Idiotice. Ficar com medo do meu próprio reflexo, eu nem sou tão feio assim. Mas que foi sinistro foi. Na hora que eu me virei pra guardar a escova eu olhei pelo canto do olho e ele estava de frente pra mim.

Ai meu Deus, não gosto nem de lembrar, ainda bem que eu fechei a porta. (olho para a porta, ainda tinha uma fresta de luz iluminando meu quarto, vinda dos postes na rua) Peraí, eu fechei a porta, por que ela está aberta? Eu tenho certeza que fechei… MEU DEUS DO CÉU! Que mão é aquela segurando a porta?!


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